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China fecha igreja histórica por se recusar a ser controlada pelo Estado

O governo chinês quer impor que todas as igrejas façam parte do movimento patriótico conhecido como “Igreja das Três Autonomias”.
em
30 agosto 2022
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Igrejas legalizadas pelo governo comunista são monitoradas a todo tempo e qualquer crítica ao sistema pode resultar em sérias consequências. (Foto: Portas Abertas)

Na China, os líderes cristãos estão se preparando para enfrentar uma pressão cada vez maior por parte do governo. Em meio à evidente perseguição religiosa, as autoridades fecharam mais uma igreja por discordar de suas políticas.

No dia 19 de agosto, a igreja histórica conhecida como “Igreja da Abundância”, em Xian, província de Shaanxi, foi fechada porque se negou a fazer parte da “Igreja das Três Autonomias” — um movimento patriótico chinês.

A conhecida igreja já funcionava há 30 anos, mas agora foi apontada pelas autoridades como uma seita e também foi acusada de supostamente recolher doações ilegais.

Controlando a religião

As autoridades chinesas consideram qualquer igreja livre como uma ameaça ao Estado. Quando uma organização cristã se nega a fazer parte do Partido Comunista Chinês, ela é considerada “ilegal”.

Conforme explica a organização de direitos religiosos Bitter Winter, com sede na Itália, o fechamento da Igreja da Abundância parece fazer parte do apelo do presidente Xi Jinping contra os grupos religiosos.

Desde dezembro de 2021, o líder ditador passou a obrigar todos os cristãos protestantes a fazer parte do sistema conhecido como “Igreja das Três Autonomias” como forma de “legalização da religião”.

Na verdade, a “legalização” é só uma forma de controle e manipulação por parte do governo e também um disfarce para a perseguição religiosa que acontece no país de forma cada vez mais descarada.

Acusações infundadas

Infelizmente, a Igreja da Abundância foi condenada a cessar suas atividades, caso contrário os pastores e membros estariam sujeitos à prisão, de acordo com informações do Morning Star News.

O pastor Lian Changnian e seu filho Lian Xuliang — que também é pastor — foram colocados sob “vigilância doméstica”, num local que as autoridades determinaram.

O grupo de direitos cristãos, China Aid, informou que o Escritório de Assuntos Civis e o Escritório de Assuntos Religiosos anunciaram que as acusações contra os cristãos da Igreja da Abundância foram registradas como “arrecadação ilegal de fundos e registro ilegal”.

Há notícias também que as autoridades chinesas têm como alvo de perseguição a China Gospel Association, que faz parte de uma rede de igrejas domésticas no país.

Abuso físico

A esposa de um dos pastores presos afirmou, de acordo com a China Aid, que o pastor Lian Xuliang tinha uma grande contusão na cabeça, proveniente de uma pancada que levou.

“Seus olhos estavam vermelhos e havia sangue seco no canto dos olhos. Sua máscara facial também tinha manchas de sangue. Seus braços e mãos estavam machucados e inchados. Houve, sem dúvida, abuso físico por esses chamados agentes da lei”, ela relatou.

As esposas dos pastores e alguns membros da igreja também foram presos no mesmo dia, mas somente os pastores permaneceram na prisão. Os demais foram liberados no mesmo dia.

O paradeiro do pregador Fu Juan é desconhecido e sua esposa ainda não recebeu nenhuma notificação oficial de detenção.

Enquanto isso, as autoridades continuam invadindo as igrejas que se recusam a ingressar na “Igreja das Três Autonomias”, desde dezembro de 2021, quando Xi Jinping impôs essa ordem na Conferência Nacional do PCC sobre Trabalho Relacionado a Assuntos Religiosos.

Outros casos de perseguição a cristãos

No mesmo dia em que a Igreja da Abundância foi invadida e fechada por policiais chineses, cerca de 100 policiais armados em Linfen, província de Shanxi, cercaram 70 membros da “Covenant Home Church” que participavam de um acampamento entre pais e filhos. Na ocasião, vários adultos foram presos.

Os policiais também vasculharam as casas dos membros da igreja Han Xiaodong. Li Jie e sua esposa Li Shanshan tiveram livros e documentos cristãos apreendidos.

No domingo seguinte, dia 21 de agosto, na cidade de Changchun, província de Jilin, a polícia também invadiu um culto de uma igreja doméstica conhecida como Igreja Reformada Changchun Sunshine.

“Como demonstrado pelos vídeos divulgados pelos crentes, aqueles que compareceram ao culto foram espancados pelos agentes”, disse um representante do Bitter Winter.

“Duas mulheres tiveram ataques cardíacos e tiveram que ser hospitalizadas”, continuou. Além disso, os oficiais também prenderam 9 cristãos, incluindo o pastor Guo Muyun, o pastor Qu Hongliang e o irmão Zhang Liangliang, que foram acusados de administrar uma organização religiosa ilegal.

No dia 14 de agosto, em Pequim, uma igreja conhecida como “Igreja de Sião” foi invadida. “Os computadores foram confiscados e o pastor, Yang Jun, junto de 9 membros da igreja foram detidos, embora tenham sido liberados posteriormente”, relatou o Bitter Winter.

A China ocupa o 17º lugar na Lista Mundial da Perseguição de 2022, conforme a Portas Abertas. Vale lembrar que, no dia 1º de janeiro deste ano, entrou em vigor o novo “Regulamento sobre a Construção de Segurança Pública”, em Xinjiang. Este é um alerta de que, por pior que seja a situação, ela ainda pode piorar.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE MORNING STAR NEWS E BITTER WINTER